
Uma experiência que mistura agroecologia, cultura local e imersão na floresta amazônica começa a ganhar espaço no norte de Mato Grosso, no município de Alta Floresta (a 790 km de Cuiabá). Criada em 2023, dentro do projeto Agente de Roteiros Turísticos do Sebrae-MT, a Rota Agroecológica Guadalupe reúne pequenos produtores e comunidades rurais da região para oferecer aos visitantes vivências que vão do preparo de biocosméticos a partir de óleos da floresta à degustação de café orgânico colhido e moído na hora.

A iniciativa é operada pela Raizeira Ecoturismo e Aventura, agência fundada pela enfermeira Anna Monforte e pela bióloga Marina Marchezini, consultora do Sebrae. “É uma oportunidade de mostrar que é possível conservar a floresta e gerar renda de forma sustentável”, afirma Marina. A proposta é aproximar turistas de práticas agroecológicas em um dos pontos mais pressionados pelo desmatamento no país: o arco do desmatamento amazônico.
O roteiro passa por propriedades como o Sítio Aromas da Floresta, onde visitantes participam de oficinas para produzir seu próprio óleo ou creme a partir de insumos da mata; e a Chácara Pedra do Índio, onde o destaque é o café orgânico. “O turista acompanha desde o cultivo até a torra e a moagem, e sai de lá experimentando o sabor do café e de outros produtos locais, como queijos e frutas”, diz Marina.

Outra parada é o Sítio Flores, dedicado a sistemas agroflorestais que mesclam alimentos nativos e plantas alimentícias não convencionais (as chamadas PANCs). Já o Sítio Araçari oferece camping adaptado para motorhomes, além de trilhas para observação de aves.
Segundo as organizadoras, as atividades são personalizadas e exigem agendamento prévio. Os valores variam conforme o tamanho do grupo e a experiência escolhida, mas partem de R$ 80 por pessoa. “O público local tem visitado bastante, mas também recebemos turistas de fora. Cada vivência é pensada de acordo com a realidade do visitante”, explica Marina.

Para além do lazer, a rota busca fortalecer a economia criativa das comunidades. Alunos de escolas da região têm sido levados para conhecer o projeto, o que, segundo a bióloga, desperta nos jovens a consciência ambiental e a valorização da cultura local. “O retorno mais comum é o encantamento. Eles se surpreendem ao ver que é possível manter a floresta em pé e, ao mesmo tempo, viver dela de forma sustentável”.
A Rota Agroecológica Guadalupe se soma a um movimento maior de consolidação do ecoturismo em Mato Grosso, que abriga os três principais biomas do Brasil: Pantanal, Amazônia e Cerrado. Para Marina, o desafio é ampliar a visibilidade da iniciativa.
“Nosso papel agora é mostrar ao Brasil e ao mundo que existe esse produto turístico diferenciado em Alta Floresta, que conserva a floresta e gera renda para quem vive nela”, afirma a fundadora da Raizeira Ecoturismo.
A proposta dialoga com a valorização das pessoas que vivem de bioeconomia no estado. Como explica André Schelini, diretor técnico do Sebrae em Mato Grosso. “Quando a gente fala de Amazônia, não falamos só de biodiversidade. Estamos falando de gente, de histórias que unem tradição, inovação e geração de renda. Esse é o coração da economia da biodiversidade, que mostra ser possível viver bem com a floresta em pé”.

Reservas podem ser feitas pelo Whatsapp (65) 99682-3073 ou pelo Instagram @raizeiraecoturismo.

